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#317 Confuso com o Concordismo

May 16, 2015
Q

Dr. Craig,

Estou confuso [...] Você tem dito repetidamente que você não é um "evidencialista", mas disse que nossa teologia deveria ser moldada pela ciência moderna. (Se você precisar de referências eu posso, naturalmente, proporcionar). Em segundo lugar, você mencionou que não devemos usar o texto bíblico como um ponto de referência de volta para a ciência, mas, ao mesmo tempo, tanto no seu trabalho publicado quanto falando você especifica o relato bíblico da "criação exnihilo" como sendo conjecturado com precisão no relato de Gênesis. Agora, ao mesmo tempo que eu concordo (em um grau) com você, eu acho que, se usarmos a mesma lógica no nascimento virginal (que você admite acreditar somente pela fé), então não deveríamos concluir, à luz da ciência moderna, que o texto bíblico estava simplesmente usando o relato do nascimento virginal como talvez um símbolo da pureza de Jesus, mas que não foi realmente um nascimento virgem?

Você vê a que eu estou chegando? É muito confuso ter uma ideia sólida de onde você está em muitos destes tipo de questões; às vezes parece que você está perto do ponto de vista de Karl Barth e outras vezes do mais tradicionalista. Eu sou e tenho sido um líder de um grupo do RF há vários anos e, apesar de nós podermos, naturalmente, concordar em discordar em pontos, eu quero representar com precisão a sua posição. (Minha especialidade é filosofia da história com formação em história / filosofia pós-graduado em história antiga)

Eu espero que você veja de onde eu estou vindo e você, ou um colega que verifica esses e-mails para você, possa ajudar a detalhar um pouco para mim. Eu, pessoalmente, não tenho nenhum problema (muito parecido com Francis Schaeffer ou Wayne Grudemen) em apenas dizer: "Eu não sei" em determinadas áreas, mas uma vez que nós nos comprometemos a uma área (como deixar nossa exegese ser guiada pela ciência moderna) nós estaríamos a apenas um passo do deísmo? Porque mesmo se você tem um amplo espaço para a historicidade da ressurreição, você não tem para o nascimento virginal. Então como você pode dizer que o nascimento virginal é "factual", mas a maioria do relato de Gênesis deve ser olhado através da lente da ciência moderna? (eu não sou um criacionista da terra jovem perguntando isso se você quer saber). Minha esposa e eu estaremos no cruzeiro RF este mês para o qual estamos animados, mas se você ou alguém poderia ajudar a esclarecer estes pontos seria fantástico e me salvaria de ter de perguntar a você na viagem. ;o)

Sinceramente,

Estados Unidos

  • United States

Dr. Craig

Dr. craig’s response


A [

Nossa, James, me preocupa que alguém que tão grosseiramente me entendeu mal a ponto de pensar que meus pontos de vista (visões) são semelhantes a Karl Barth esteja liderando um dos nossos grupos do Reasonable Faith! Sério, eu estou feliz que você esteja vindo no cruzeiro para que possamos sentar e discutir exaustivamente esses assuntos.

Certo; eu não sou um evidencialista no sentido de que eu não acho que a fé precisa ser baseada em argumentos e provas a fim de ser racional. Antes, eu acho que a crença no que Alvin Plantinga chama de as grandes verdades do Evangelho pode ser propriamente básica e garantida para nós devido ao testemunho interior do Espírito Santo. Eu sou um evidencialista em outro sentido mais clássico do termo: eu acho que há evidências cristãs que justificam a crença cristã para a pessoa que tenha conhecimento delas.

Da mesma forma, eu me oponho à ideia de que "a nossa teologia deveria ser moldada pela ciência moderna." Se você ouvir os nossos podcasts do Defenders sobre "Doutrina da Criação: Digressão sobre Criação e Evolução", você vai achar que eu rejeito em termos claros a hermenêutica do Concordismo, isto é, a visão de que a ciência moderna deve moldar a nossa interpretação dos textos bíblicos antigos. O que eu tenho afirmado é que ao fazer teologia sistemática devemos ter uma abordagem sinótica que visa integrar a ciência moderna com o que a Bíblia ensina. Esse é um projeto muito diferente! Assim, no final da digressão mencionada acima, você vai ouvir-me oferecer um modelo integrativo que tenta levar a sério tanto o texto bíblico quanto a moderna teoria da evolução. Mas eu rejeito a ideia de que a exegese deva ser guiada pela teoria evolutiva ou qualquer outra teoria científica. Isso é apenas hermenêutica ruim.

Eu não tenho certeza do que você quer dizer com a expressão "não devemos usar o texto bíblico como um ponto de referência de volta para a ciência." Eu acho que devemos tentar entender o que o texto bíblico ensina e depois integrar esse ensino com o que nós aprendemos com a ciência moderna em uma cosmovisão coerente, que leva tanto a teologia quanto a ciência a sério. E a reivindicação minha e de Paul Copan no in Creation out of Nothing[Criação do Nada] (Baker: 2004) é que, totalmente à parte da ciência moderna, a Bíblia ensina que Deus criou o mundo do nada (= não de qualquer coisa). Esse é o fardo da longa exegese de Paul do texto bíblico em vários capítulos. Eu, então, argumento que esse ensino bíblico é bem coerente com o que a ciência moderna ensina. Isso exemplifica a abordagem integrativa à teologia sistemática que eu defendo.

Como devemos aplicar esta abordagem para o nascimento virginal? Começamos por ignorar o que a biologia tem a dizer sobre a concepção e perguntando o que essas narrativas antigas ensinam sobre o nascimento de Jesus. (Fazer o contrário seria abraçar a hermenêutica da Concordismo). Quando examinamos essas narrativas e seu gênero literário, descobrimos que o nascimento virginal não se destina a ser meramente um símbolo da pureza de Jesus, mas é apresentado como factual. Virando, então, para a ciência moderna, encontramos obviamente que, assim como a ressurreição, um evento como esse é naturalmente impossível. Portanto, se tal evento teve lugar, tinha que ser um milagre, ou seja, um evento com uma causa sobrenatural. Isso vai ser um espinho no olho para qualquer naturalista, mas para o teísta é pouco problemático.

Espero que, agora, você possa ver quão mal você representou a minha posição ao caracterizá-la como "deixando nossa exegese ser guiada pela ciência moderna" e afirmando que "os relatos de Gênesis devem ser vistos através da lente da ciência moderna." Eu não sou um Concordista.

- William Lane Craig