back
05 / 06
bird bird

#386 Por que Deus o Pai e Deus o Filho?

May 16, 2015
Q

Oi senhor, estou muito feliz em conhecê-lo através da Internet [...]

Eu entendi a essencialidade da trindade, não há dúvida sobre por que eu deveria acreditar em um Deus trino. Mas, eu estive pensando qual poderia ser a razão para a relação de pai e filho na trindade.

Existem muitas relações no mundo. Por exemplo, filho, filha, mãe, pai, irmã, irmão, amigo, companheiro, colega. Mas por que Deus escolheu revelar-se como Deus o Pai, Deus o Filho? Por que Ele não queria ser a mãe, ou o amigo ou qualquer outra relação com a segunda pessoa da trindade?

Eu acredito que qualquer um desses tipos de relacionamentos ainda dariam origem à mesma pergunta - por que mãe e filho ou filha e por que não outro [...]? Eu gostaria de saber várias razões pelas quais Jesus deveria vir como o filho do pai.

Sangeetha

Índia

  • India

Dr. Craig

Dr. craig’s response


A [

A sua pergunta pressupõe que Deus é uma Trindade, Sangeetha, por isso vamos começar com esse pressuposto. Os teólogos muitas vezes distinguem entre a Trindade ontológica e a Trindade econômica. A Trindade ontológica lida com Deus como Ele é intrinsecamente, sem relação com as criaturas. A Trindade econômica diz respeito a Deus em relação a nós, especialmente os papéis que desempenham cada pessoa no plano da salvação. Ao perguntar "por que Deus escolheu revelar-se como Deus o Pai, Deus o Filho? Por que Ele não queria ser a mãe, ou o amigo ou qualquer outra relação com a segunda pessoa da Trindade?",você parece divorciar ou separar a Trindade econômica da Trindade ontológica, como se Deus pudesse revelar-se como sendo algo incompatível com a maneira como Ele realmente é.

De acordo com a doutrina clássica da Trindade promulgada no Concílio de Nicéia, Deus o Pai eternamente gera Deus o Filho. Esta relação é às vezes chamado de filiação, para que haja uma relação filial intrínseca entre a primeira e segunda pessoa da Trindade. Por isso, é impossível para aquelas pessoas se relacionarem como meros amigos, companheiros, colegas ou irmãos. A única pergunta seria por que os gêneros não são femininos em vez de masculinos: por que não Deus a Mãe ou Deus a filha? Tendo em conta que as pessoas da Trindade não tem literalmente um gênero (já que são incorpóreos), por que eles são revelados como masculinos? A Bíblia diz que os homens e mulheres são criados à imagem de Deus, portanto quaisquer propriedades não-físicas de masculinidade e feminilidade que podem existir devem ser igualmente compostas pela natureza de Deus. Como Deus não é nem homem nem mulher, por que Ele se revela como Pai e Filho?

No Antigo Testamento, há passagens em que Deus se apresenta como uma mãe com ternura cuidando de seus filhos. Mas Jesus pensou em Deus como seu Pai Celestial e revelou-O como tal. Ao usar a metáfora de Deus o Pai, Jesus exprime dois atributos de Deus que não seriam tão bem entendidas pela metáfora se Deus fosse apresentado como uma mãe. A metáfora de Deus como um Pai Celestial expressa o amor paternal que Deus tem para nós e a autoridade que um pai, como o chefe da família judaica, exerce. Nenhuma outra imagem poderia expressar tão bem esta combinação de qualidades em Deus.

Quanto a segunda pessoa da Trindade, parece óbvio que Jesus como um homem deve ser chamado Filho de Deus. Seria inepto para a segunda pessoa da Trindade ser revelada em Jesus de Nazaré como Deus a Filha! Se a segunda pessoa da Trindade tivesse escolhido encarnar como uma mulher, tal título teria sido adequado. Mas é duvidoso, para dizer o mínimo, que tal decisão da parte de Deus seria a forma mais eficaz para expressar Sua natureza ou para alcançar o mundo.

Se não aceitarmos as relações clássicas dentro da Trindade ontológica, então é mais difícil excluir que Deus deveria se revelar como três amigos, por exemplo. Mas não devemos esquecer que Jesus sendo gerado por Deus o Pai é apresentado no Novo Testamento no que diz respeito à sua natureza humana. A doutrina clássica apresenta a segunda pessoa da Trindade como gerada no que diz respeito à sua natureza divina. Jesus sendo gerado por Deus através de sua concepção virginal de Maria justifica ele ser chamado Filho de Deus. Como o anjo explica a Maria: "Virá sobre ti o Espírito Santo, e o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; por isso o que há de nascer será chamado santo, Filho de Deus."(Lucas 1. 35). Mais uma vez, Jesus sendo masculino se opõe a que ele seja chamado “filha de Deus”. E mais uma vez, em virtude da encarnação do Filho e a concepção virginal, a primeira pessoa da Trindade (pelas mesmas razões mencionadas anteriormente), é apropriadamente chamada de seu Pai Celestial. Isso impede que a Trindade econômica seja composta de meros amigos ou irmãos.

Então, se pensamos em Jesus como gerado em sua natureza divina ou simplesmente em sua natureza humana, eu acho que nós podemos ver por que Deus deve revelar-se a nós como Deus o Pai e Deus o Filho (para não falar de Deus o Espírito Santo!).

- William Lane Craig