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#365 As Predições de Jesus de Sua Própria Ressurreição

May 16, 2015
Q

Dr. Craig,

Eu aprecio muito o trabalho que você faz e este tem sido pessoalmente benéfico para a minha fé e meu ministério. Eu tenho uma pergunta, no entanto, sobre as expectativas judaicas do 1º século da ressurreição. Você escreve, e eu concordo, que a evidência aponta para uma crença judaica em uma ressurreição geral no final dos tempos (João 11:24), em oposição ao de uma morte e ressurreição do Messias durante a geração deles. Isto parece funcionar como prova contra certas teorias que negam a ressurreição como sendo uma fraude, ou as aparições da ressurreição sendo alucinações, etc.

A minha pergunta é sobre eventos como Jesus ressuscitando pessoas dentre os mortos (João 11:43-44; Mateus 9:25; Lucas 7:13-15), e as previsões de Jesus sobre sua própria morte e ressurreição (Mateus 16:21; Marcos 8:31, etc.). Estes eventos e previsões não criariam uma expectativa em Seus discípulos que Ele iria morrer e ressuscitar? Parece difícil argumentar que não havia expectativa de um Messias morrendo e ressuscitando, e que Jesus vindicou Suas reivindicações pessoais radicais de ser um Messias morto e ressurreto. Os discípulos simplesmente ignoraram o que Ele disse e ensinou? Será que eles não conseguiram entender o que Ele quis dizer? Estou curioso para ouvir seus pensamentos sobre estas perguntas.

Travis

Estados Unidos

  • United States

Dr. Craig

Dr. craig’s response


A [

Com a Páscoa se aproximando, parece adequado tomar uma pergunta sobre a ressurreição de Jesus. Para aqueles que não têm o conhecimento de fundo para entender a pergunta de Travis, deixe-me explicar que um dos fatos historicamente estabelecidos, é que qualquer historiador que procura dar um relato do destino de Jesus deve levar em conta a origem da crença dos primeiros discípulos em sua ressurreição. A ideia de que alguém pode ser ressuscitado dentre os mortos, para a glória e imortalidade, como um indivíduo isolado à parte da ressurreição geral dos mortos, e antes da ressurreição escatológica no dia do julgamento, não é atestada no judaísmo primitivo. Para um judeu, a ressurreição para a glória e imortalidade (em oposição à mera revivificação à vida mortal, como no caso de pessoas que Jesus trouxe de volta à vida) é sempre um evento corporativo após o fim da história humana. Assim, a crença dos discípulos na ressurreição de Jesus para a glória e imortalidade — o que N.T. Wright intitula uma mutação radical das crenças judaicas sobre a ressurreição — requer explicação suficiente.

Agora a sua pergunta, Travis, é se as próprias previsões de Jesus de sua ressurreição não pode fornecer uma explicação suficiente. Eu argumentei que, em última análise, não. Primeiro, note que esta é uma explicação que não é pressionada por críticos céticos do Novo Testamento. Por que não? Simplesmente porque as previsões da ressurreição de Jesus são menos bem-atestadas pela evidência do que os fatos do túmulo vazio e aparições post-mortem (pós-morte) de Jesus. A maioria dos críticos acham que essas previsões foram escritas no relato da vida de Jesus durante o período pós-ressurreição. Em outras palavras, elas não são consideradas ditos autênticos do Jesus histórico, mas retrospectivas da teologia da igreja primitiva, que acreditava que Jesus ressuscitou dentre os mortos.* Se você disser que essas previsões são autênticas, então você também deve aceitar os fatos do túmulo vazio e aparições post-mortem [pós-morte], porque estes são muito melhor atestados pela evidência. Mas, nesse caso, os fatos centrais sustentando o inferência para a ressurreição de Jesus são estabelecidos, de modo que o ceticismo é derrotado.

Em todo caso, eu acho que é plausível que, se Jesus deu essas previsões, então seus discípulos não as compreenderam até depois que os eventos de Páscoa tivessem ocorrido. Dada a estrutura tipicamente judaica de pensar, os discípulos simplesmente não conseguiram compreender o que Jesus estava falando quando ele previu sua ressurreição. Os evangelhos atestam repetidamente para este fato. Olhe para Marcos 9: 9-11, por exemplo.

Enquanto desciam do monte, ordenou-lhes que a ninguém contassem o que tinham visto, até que o Filho do homem ressurgisse dentre os mortos. E eles guardaram o caso em segredo, indagando entre si o que seria o ressurgir dentre os mortos. Então lhe perguntaram: Por que dizem os escribas que é necessário que Elias venha primeiro?

Aqui Jesus prediz a sua ressurreição, e o que os discípulos perguntam? "Por que dizem os escribas que é necessário que Elias venha primeiro?" No Judaísmo do primeiro século se acreditava que o profeta Elias viria novamente antes do grande e terrível Dia do Senhor, o dia do julgamento em que os mortos seriam levantados. Os discípulos não conseguiam entender a ideia de uma ressurreição que ocorre dentro da história antes do fim do mundo. Assim, as predições de Jesus só os confundiam.

Assim, mesmo com as previsões de Jesus, os discípulos após a Sua crucifixão provavelmente não teria acreditado que ele já tinha sido levantado. Dada a concepção judaica da ressurreição, eles teriam apenas aguardado a ressurreição no último dia e, talvez, de acordo com o costume judaico, preservado o seu túmulo como um santuário onde seus ossos poderiam descansar até a ressurreição escatológica.



Notas:

* Observe que eu não alego, como você diz, que a ressurreição de Jesus "vindicou Suas reivindicações pessoais radicais de ser um Messias morto e ressurreto." Eu nem presumo nem argumento pela autenticidade dessas previsões. Eu restrinjo minha defesa a fatos que são geralmente reconhecidos por estudiosos do Novo Testamento. Estes incluem reivindicações pessoais radicais de Jesus ser o Messias, ponto final.

- William Lane Craig